domingo, 21 de setembro de 2014

É proibido sofrer!



"É proibido sofrer!" Esta é a mensagem que vemos sendo anunciada em quase todos os lugares. Talvez nem sempre dita assim tão explícita, mas percebemos suas variações quando também se diz: "pare de sofrer!", "tenha uma vida vitoriosa!", "Você nasceu para ser cabeça e não cauda!", "decrete e profetize sua vitória!", "tome posse pela fé!" e tantas outras ordens e palavras que, na cabeça de muita gente, vira uma espécie de anestésico contra as dores que os problemas da vida provocam na gente.

A sociedade atual se esconde do sofrimento e o nega porque ele desmascara nossas fragilidades. A questão é que a ferida continua aberta, a infecção vai se alastrando cada vez mais, a doença emocional vai se enraizando, vai matando lentamente, mas seus efeitos são maquiados pela não sensação de dor. Se esquecem que o próprio sofrimento pode ser uma bênção, pois ele nos avisa sobre a necessidade de que algo deve ser feito.

Embora haja fundamento bíblico para nos dizermos mais do que vencedores por meio de Jesus, esta palavra "vencedores" não segue o modelo e o padrão moderno de entendimento do que seja vencedor segundo a ganância dos homens. O perfil do vencedor moderno é aquele que até pode passar por alguma dificuldade, mas consegue tudo o que quer. Sempre vence as dificuldades virando o jogo com palavras mágicas. Nunca demonstra em público suas fraquezas. Este é o vencedor das externalidades, da futileza, do terno Armani, da bolsa Louis Vuitton, do carro de luxo, de ter dinheiro, poder e influência sobre a vida das pessoas. É o que se faz vencedor pela força bruta, é o indestrutível. Infelizmente, este tipo de vencedor é anunciado adoecida e insistentemente em muitos púlpitos. Quem não se enquadra nesse padrão é rapidamente chamado de "sem fé", amaldiçoado, fraco ou derrotado.

Já, o Vencedor, segundo o Evangelho, é aquele que também sofre, também passa por algum tipo de privação, pode até vencer de alguma forma material, mas sabe discernir entre o momento de rir e o de chorar. Aprende a viver cada um destes momentos reconhecendo que há um Deus que não somente assiste, mas participa com a gente, ao nosso lado, de cada riso ou lágrima e usa essas coisas também como ensino e crescimento para cada um de nós.

Perder ou ganhar, ser fraco ou forte, no entendimento bíblico, não depende do troféu humano, das honrarias, homenagens, recompensas e reconhecimentos que se recebe em vida.

Vencer não tem a ver necessariamente com possuir bens ou ser curado de uma doença terminal. Estas coisas também, mas elas não tratam da essência. Estão na superfície de uma vida muito mais profunda, muito além de ter ou não os seus sonhos e pedidos realizados.

Aqueles que vencem ou venceram, nas Escrituras, perderam o mundo para ganhar a Vida. Alguns foram perseguidos, torturados, mortos, tiveram seus bens espoliados, famílias separadas. A maioria não foi nenhum exemplo de sucesso de empreendedorismo, de força de vontade ou estabilidade emocional. Passaram fome, fugiram, tiveram medo, alguns desistiram ou abandonaram seus projetos e chamados missionários, antes do tempo. Tiveram crises existenciais, ficaram deprimidos, se sentiram enfraquecidos, desejaram morrer mas foram salvos e reencaminhados não por suas próprias forças, mas pela Graça infinita, teimosa e amorosa de Deus. O verdadeiro vencedor é aquele que vence não por ele mesmo, mas vencido, vence em Deus.

O vencedor, segundo as Escrituras, sabe que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, mas nem por isso deixa de se alegrar com os que se alegram e chorar com os que choram. Vive cada sentimento de forma verdadeira, sem máscaras e consciente.

Nesta vida ainda vamos perder e achar muitas coisas, muitas vezes. Alguns sonhos pessoais jamais serão alcançados, outros virão como que presentes de Deus para nossas mãos. Não se permita ser julgado pelos outros ou pela própria consciência por causa do que você ganha ou deixa de ganhar. O importante é, como diria nosso irmão Paulo, o apóstolo: "quer vivamos ou morramos, somos do Senhor." (Romanos 14.8). Em outras palavras, desta vez, ditas por Jó "o Senhor deu, o Senhor tirou, bendito seja o seu nome." (Jo 1.21).

O sofrimento em si não nos torna derrotados. Podemos, sim, aprender e sermos aperfeiçoados por causa dele. O rótulo é sempre algo imposto de fora pra dentro. Nem sempre expressa uma realidade. Não se auto impute um desmerecimento ou supervalorização falsos. O verdadeiro vencedor aprende a dar nomes às suas responsabilidades, projeta sua esperança não nas coisas que se veem, mas naquelas que são eternas. Assume seus erros, mas também consegue se alegrar com cada pequenino passo em direção à Vida. Sabe perdoar e também pedir perdão. O sofrimento dói, mas nos amadurece, nos ensina a reconhecer o que de fato podemos chamar de vitória.


O Deus que venceu por todos te abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente!


Leia outras mensagens de Pablo Massolar
no blog Ovelha Magra (ovelhamagra.com)


domingo, 7 de setembro de 2014

ENTRE O PICADEIRO E O ALTAR - Pregadores que tratam a igreja como circo

"Respeitável Público: Com vocês... ooo PREGADOOOORR!!"


É quase isto! Anuncia-se o pregador e então aparece atrás do púlpito alguém vestido num terno colorido, sapatos multicores, gravata linguiça ou gravata multicores com pedrarias a gosto, calças apertadas (cores a gosto - vermelho, verde, azul, roxo, preto, branco, amarelo), e outros adereços esquisitos. Outro dia, um deles apareceu com gravata, lenço e echarpe amarelos... Nitidamente estava preparado para um desfile na passarela, mas jamais para o púlpito! Um amado amigo meu, pregador renomado, disse há pouco tempo enquanto ministrava: "boa parte dos pregadores de hoje não está vestindo-se para vir ao culto apresentar-se a DEUS, mas para as mulheres que frequentam os cultos!" Logo pensei: "bem, a maioria deles ou entende bem pouco ou nada de ética, ou bem pouco ou nada de mulheres". Que DEUS perdoe-me o divertimento imaginário neste aspecto, mas, seria cômico se não fosse trágico! Deve o pregador vestir-se sobriamente, como é digno do púlpito. Não entendam-me mal, por favor, mas tenho inquietante irritação quando vejo coisas assim, e olhem que não tenho visto poucas. Já são vários anos viajando e ministrando em todo tipo de eventos por esse país e tenho sentido-me muitas vezes constrangido com algumas aberrações e situações ridículas com as quais deparo-me!

Tem mais: além do visual chocante, hilário ou deprimente, alguns também pecam gravemente na comunicação. Na débil tentativa de impressionar o público com uma linguagem mais rebuscada ou erudita, alguns lançam mão de termos desconhecidos, palavras não coloquiais e expressões esquisitas. Impostam suas vozes profundamente numa terrível manobra para chamarem atenção do público. Por outro lado, há os que exibem péssimo português. Outros, cumprimentam os obreiros ao chegarem no ambiente, com uma falsa e exibicionista reverência, inclinando-se à frente quase como o fazem os japoneses em sua característica cultura. Perdoem-me, mas não resisti. Senti-me impulsionado a escrever sobre isto. Gostaria mesmo que os companheiros e irmãos pregadores compreendessem isto de forma educativa, instrutiva, conselheira, como uma crítica positiva. Penso que o posso fazer como pastor e pregador do evangelho, embora consciente de minha pequenez, de minhas limitações e de minha disposição em SERVIR ao SENHOR.

Outra coisa estranha são as acrobacias ensaiadas por alguns que movimentam-se desenfreadamente, agitam os braços freneticamente, gritam excessivamente o tempo todo, saem correndo no meio da igreja e coisas do tipo. Conheço alguns que ocupam o tempo no altar contando anedotas e fazendo o povo rir, em alguns casos, inclusive, com linguajares e histórias que não caem bem no ambiente espiritual e especialmente no púlpito da Casa de DEUS! Não que o bom humor não seja bem-vindo, e gosto de ouvir pregadores alegres, mas faça-se tudo com ordem e decência. Igreja não é circo, altar não é picadeiro e pregador não é palhaço; com todo respeito aos profissionais do ramo! Fico realmente estarrecido com estes comportamentos e creio que boa parte dos meus caros leitores sinta o mesmo! Claro que há aqueles pregadores que ocupam o outro extremo: postam-se rigidamente atrás do púlpito, não movem-se um centímetro sequer e discursam como se estivessem engessados, numa falsa ética e numa postura forçada, que foge ao natural e claramente o público percebe que aquela não é a real personalidade do pregador. Penso que o pregador deve agir naturalmente, óbvio que com aquela reverência necessária e característica ao púlpito, ao altar, à igreja, mas nunca mecânica ou roboticamente. Nem tampouco sem saudáveis limites que são inerentes ao bom senso.

Definitivamente, precisamos rever os conceitos. Especialmente os novos pregadores devem cuidar-se para não caírem nesses modismos e nessas esquisitices do nosso tempo. A igreja é lugar santo, o púlpito é sagrado e o altar dispensa comentários! Mais espiritualidade e menos espetáculos, mais GRAÇA e menos gracejos, mais unção e menos frases e gestos de efeitos forjados. O povo precisa ouvir a mensagem genuína do evangelho, ministrada por pregadores autênticos e comprometidos única e exclusivamente em fazer aparecer JESUS ao invés deles! O centro da mensagem é sempre CRISTO e nunca o pregador; a personalidade do culto é o SALVADOR e não o mensageiro e a pregação é um grito revelador em direção aos pecadores e não um espetáculo para promover o pregador. A igreja é uma comunidade de salvos adoradores, e não um circo de expectadores desejosos de espetáculos centrados no homem! Definitivamente, não confundamos ALTAR com PICADEIRO!

Pr. Jesiel Freitas
Ministério Palavra no Altar